sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Empresas têm incentivo para investir em energia renovável

As empresas francesas contam com financiamento estatal para investir em energias renováveis tanto no Brasil como no exterior. Na França, a EDF, que é controlada pelo governo, compra energia renovável, seja resultante de projetos eólicos, geotérmicos ou biomassa, que recebem isenção fiscal através do imposto de renda.

A compra é garantida inclusive no caso da pequena geração de residências que tenham investido para consumir energia alternativa. Já existem casas com todo o suprimento de energia por painéis solares, cujo excedente é vendido pela EDF, que recebe financiamento do governo para complementar parte da compra, já que a energia de fontes renováveis é mais cara.
Assim como todos os países da União Europeia, a França se comprometeu a reduzir em 20% a emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, consumir 20% de energias renováveis e reduzir em 20% seu consumo de energia até 2020, na comparação com os níveis da década de 90. Para alcançar essas metas o governo começou em 2007 as negociações do programa Grennelle ambiental, em referência aos acordos sociais firmados em maio de 1968, que é considerado o "New Deal" francês, com orçamento de € 460 bilhões.

"A ideia é que se tenha, nos próximos 15 ou 20 anos tecnologias que todos possam usar em suas casas e com preço de energia equivalente ao que se tem hoje", explica Cécile Martin Phipps, responsável pelos projetos e parcerias com instituições de crédito multilaterais da Agência de Desenvolvimento da Matriz Energética francesa (Ademe).

Para ajudar empresas a implementar programas "verdes" a Ademe conta com um orçamento de € 557 milhões este ano. O volume mais que dobrou em relação aos € 249 milhões investidos em 2008. Ligada a dois ministérios, a agência financia pesquisas para o desenvolvimento de tecnologias "verdes" ainda não disponíveis - exceto os setores nuclear e de águas - incluindo biocombustíveis a partir da lignocelulose.

Na França a meta é aumentar a participação dos biocombustíveis na matriz energética, hoje de 5,7%, para 10% em 2010 e 20% em 2020. Apesar de elogiarem a eficiência do álcool brasileiro, cujo ciclo de vida tem efeito 90% menor sobre o ambiente do que o petróleo - ante os 20% do combustível produzido à base de beterraba, milho e trigo - a Ademe avalia que o álcool não é ideal para as metas francesas. "Se a França importar álcool, vai consumir o combustível dos navios e isso poluiria o ambiente", explica Philippe Masset, chefe do departamento de programas e projetos especiais da Ademe. Assim, o foco é reaproveitar material orgânico e lixo industrial produzido no próprio país numa segunda geração de biocombustíveis.

No Brasil a agência tem acordos com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), ligado ao governo do Rio, para medir a qualidade do ar e elaborar um plano climático territorial, a exemplo do que foi feito na cidade de Bordeaux com o objetivo de reduzir as emissões. "Como vai sediar a próxima Copa do Mundo e a Olimpíada de 2016, o Rio quer ter sua imagem ligada à energia limpa", diz Cécile.

A Ademe também tem acordos com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) e com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) de Porto Alegre, que entra em vigor em 2010. Cada projeto deve custar cerca de US$ 1 milhão por cidade segundo Cécile. Apesar do "boom" verde, a França também está construindo em seu território um dos dois reatores nucleares pressurizados europeus, em Flamanville (o outro está sendo feito na Finlândia). A usina terá capacidade de gerar 1.600 MW usando uma nova tecnologia que, em vez de gerar calor através da fissão nuclear (como os reatores atuais) vai gerar energia por meio de fusão nuclear. (CS)
De Paris
Fonte: Valor Econômico, 23 out. 2009

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Petrobras emitiu 51 milhões de toneladas de gás estufa em 2008, diz FGV

Fonte: Folha de S. Paulo, 08 out. 2009 – 17h41


A estatal brasileira Petrobras emitiu 60% dos gases do efeito estufa do grupo de 27 empresas nacionais participantes do programa GHG Protocol, da Fundação Getulio Vargas (FGV), em seu primeiro ano, 2008 -GHG- é a sigla em inglês para gás do efeito estufa.

O total das empresas brasileiras medidas pelo programa emitiu, ano passado, 85,2 mi de toneladas de gás carbônico equivalente medida utilizada para indicar o potencial de aquecimento global do gás.
A Petrobras emitiu 51 milhões de toneladas do gás em 2008; a Votorantim, com 18 milhões do gás estufa emitidos, ficou em segunda, seguida pela Alcoa, com 2 milhões.

As emissões representam 3,8% daquilo que o Brasil emitiu no ano de 2005 ou 8,5% do que foi emitido no mesmo período, excetuando os gases estufa vindos do desmatamento e mudanças no uso do solo.

Consumo consciente

"Para o consumidor, a publicação destas informações ajuda a compreender a extensão do impacto climático destas empresas e isso possibilita a prática do consumo consciente", esclarece Juarez Campos, coordenador do núcleo de Sustentabilidade Global do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVCes), responsável pela pesquisa.

Ele explica que o cidadão poderá obter informações do total de emissões de uma empresa num dado ano, assim como a fonte dessas emissões dentro da empresa e a evolução das emissões através dos anos.

Os números constam de relatório divulgado nesta quinta-feira (8) em São Paulo durante o lançamento oficial do programa Empresas pelo Clima (EPC), que também é coordenado pela FGV.

Do total das empresas do GHG, 11 já fazem parte do EPC, anunciada como a primeira plataforma empresarial permanente destinada a criar as bases regulatórias no processo de adaptação econômica às mudanças climáticas no país.

Diretrizes cumpridas

Das 27 empresas que elaboraram seus inventários no GHG, 10 conseguiram cumprir todas as diretrizes do programa logo no primeiro ano. São elas: Alcoa, Ambev, Anglo American, CESP, CNEC, Embraer, Ford, Natura, Suzano Papel e Celulose e Votorantin.

O GHG Protocol é uma parceria da FGV com o Word Resources Institute, com apoio do Ministério do Meio Ambiente, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável e Conselho Mundial de Empresas para o Desenvolvimento Sustentável.